quarta-feira, 8 de maio de 2019

Encerrando as orquestrações !!!!

FInalmente. Depois de tanto tempo.
Essa Composição VII foi a de fato mais trabalhosa.
Tive de lidar com a retomada de temas, seu mascaramento, e uma tendência à abstração como se vê no quadro.
Além de meu esgotamento, diante do processo mais intenso neste último ano. Praticamente uma composição por mês desde julho. É muita coisa.
A preocupação com as dimensões/duração me fizeram optar por recursos orquestrais muitas vezes mais repetitivos, mas mesmo assim criativos.
Falta agora a revisão final, que será o arquivo 7 da Composição VII.
Próximo passo: os vídeos  restantes para as orquestrações.  Um por semana.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Relação entre a pintura e a orquestração . Reflexões ao finalizar orquestração baseada na composição VII

Algo que foi ficando claro para mim: a qualidade da Composição VII, impossível de ser traduzida na orquestração que venho realizando.
Aqui temos diversos fatores: no decorrer no processo fui me autonomizando em relação às pinturas, criando obras em si mesmas independentes e com sua coesão e coerência. Depois do desafio de me valer do método de equivalências mais estreitas para Composição IX, voltei a me aventurar na relação mais próxima entre pintura e música. Como a Composição VII retoma temas de todas as composições anteriores (I-VI), e é uma culminância do processo de abstração, decidi também retomar temas musicais das obras anteriores, e estabelecer uma abordagem que fiz nas orquestrações para Composição IV e Composição V: seguir um roteiro melódico que passeia no quadro, seguindo uma trilha de figuras.
Acontece que aqui começou o problema. Ouvindo as músicas anteriores, percebi que havia, principalmente nas relacionadas às Composição IV, V, uma coesão temática e tonal ainda bem evidente. Depois de todo o processo das 10 orquestrações, a minha escrita mesma havia mudado. E então estava esgotando alguns procedimentos tanto de distribuições dos sons aos instrumentos quanto de atribuição de funções/camadas aos instrumentos.
Isso, em grande parte, se devia ao fato de eu não mais trabalhar com uma armação tonal e, disto, melodias.  Havia fragmentos de materiais espalhados. O recurso temporal da ordem das entradas dos instrumentos proporciona algumas surpresas, por justaposições. Mas quando cheguei à Composição VII isso para mim estava meio esgotado.

Então, eu iniciei o trabalho com uma abordagem de vozes e sua distribuição. Isso me deu fôlego para quase metade da peça, ao traduzir o centro caótico do quadro e sua duplicação nas imagens do lado esquerdo alto e baixo. Mas então a coisa começou a se complicar: fui retomar materiais anteriores, como o tema dos cavalos e o dos amantes. Nesse momento nada me saia da cabeça senão inserir esse material dentro da ambiência semi-contrapontística da peça. Então, fui inserido partes do material dos cavalos em planos secundários, para depois trazê-los para o primeiro plano. Assim o fiz também com o tema dos amantes.
Creio que na revisão que sempre faço depois do material bruto vou melhor os links, as entradas e a diversidade dos recursos. A segunda metade da obra começou a ficar muito estática, com a repetição de recursos, principalmente na região mais grave das cordas e nos sopros.
Agora entendo o que foi me perturbando: diante da intensidade do quadro, eu estava realizando um tratamento não criativo na orquestração, como que jogando esboços de materiais para possível desdobramento posterior.
Mas algo fundamental que fui percebendo é o aumento, em relação à série I a VI do taxa de dissonância. De fato, isso está presente na orquestração também. E talvez seja isso que tenha de deixar mais claro.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Ouvindo a Sinfonia 3 de Henryk Górecki



Estudo da obra de Górecki me foi sugerido a partir da leitura do artigo
"The Sounds of Music in the Twenty-first Century" ( https://www.newyorker.com/magazine/2018/08/27/the-sounds-of-music-in-the-twenty-first-century) de Alex Ross que resenha o livro de Tim Rutherford-Johnson, Music After the Fall: Modern Composition and Culture Since 1989.



No artigo, Alex fala do problema Kandinsky: "Modern classical music is bedevilled by what might be called the Kandinsky Problem. Modernist painters, writers, and filmmakers had a far easier time finding a wide audience than composers did. Kandinsky creates mob scenes in museums; the mere appearance of Schoenberg’s name on a concert program can depress attendance. (...) With that inevitable question, the Kandinsky Problem resurfaces. In the art world, instinctive antagonism to the new, the weird, and the absurd is less common."



Link para o áudio:


https://www.youtube.com/watch?v=rmDuqL23gN0


Link para a partitura:

https://pt.scribd.com/doc/191404732/Gorecki-Symphony-No-3-Symphony-of-Sorrowful-Songs-Facsimile-Score



LInk para o aúdio com a partitura:

https://www.youtube.com/watch?v=k2_myiVxCqU


O primeiro movimento se vale de um Canon de 24 compassos: a cada ciclo, temos a entrada de um novo instrumento. Começa no contrabaixo.









sexta-feira, 26 de abril de 2019

ESCRITA 2 MINUTOS de material

Até aqui segui o seguinte roteiro:
jogos de vozes em dissonâncias a partir a imagem em espiral do centro do quadro. Para realçar esta referência, detive-me durante 47 segundos ( comp 1-20) em variações sobre uma dada melodia e seus reutilizações em diferentes timbres, seja em oitava, seja em inversões. Como eu gosto de graves e quis associar essa parte da composição com uma forma polifônica, a qual não segue todas as regras, comecei em regiões mais graves, médio-graves ( cellos e piano) e depois reintroduzo o tema nos trombones. Gostei da urgência da música, muito relacionada a um fim, a se chegar a uma conclusão.
Aliás, me vali muito dessa expectativa de fim, como se a música estive se direcionando para seu término o tempo inteiro.
Após o compasso 20 me dirijo para a imagem do barco, no canto inferior esquerdo do quadro, seguindo o roteiro já indicado.

Depois, sigo em sentido vertical, do alto para baixo, para as imagens das nuvens marrons como rostos fitando o mundo abaixo, e então chego nos céus-montanhas no canto superior esquerdo.
Os próximos motivos - o das trombetas, o do cavalo e do cavaleiro e dos amantes, vou retomar das composições anteriores.
Mas está indo bem, com esse senso de linhas que se cruzam, formas circulares, descontinuidades, sobreposições e a manutenção de um fluxo. isso é o que mais me desafia.


O tema do trompete aparece na Composição V(audiocena II).
O tema dos cavalos aparece na orquestração para a Composição IV e na Composição II (audiocena V).
O tema dos amantes aparece na orquestração para a  Composição IV (audiocena I) e depois foi retomado na Composição II (audiocena V)

Ficamos assim: trombeta, cavalos, amantes.






quarta-feira, 17 de abril de 2019

Material perdido

Trabalhar com programas de notação pode trazer surpresa...
Deu um bug no primeiro dia de trabalho. O fluxo estava bom. Perdi o trabalho de um turno, duas horas, algo como duas a três páginas (12 compassos).
Mas como havia trabalhado nisso ficou o planejamento.
Eu trabalho com uma relação entre planejamento e escrita de modo que quando de fato escrevro componho naquele momento, sendo que muitas das decisões são tomadas no momento da escrita mesmo.
O que lembro é o seguinte: estava nessa primeira seção, ligada ao centro do quadro, trabalhando tendo como guia o Cello 1. A primeira ideia era duplicar a linha do cello 1 pelo piano ou outros instrumentos. Testei e fui alterando isso. Então entrava com um segundo tema ou linha nas violas, duplicando com outro instrumento. E assim fui me valendo da ideia de uma estrutura de fuga pluritemática como forma, mudando o material do cello 1 a cada quatro compassos. A segunda mudança(compss 5) e a terceira mudança (compasso 9) eram muito abruptas e desligadas, já servindo como um material de background. Foi isso que perdi quando deu o bug: a experiência de ir improvisando materiais no cello e sua reinserção nas outras vozes.
Depois disso, vi que não precisa de uma forma assim tão cerrada. 

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Início Composição VII

Começo pela figura central.






Uma frase nos cellos, dando um caráter contrapontístico para a obra.
A fuga indicada em vários momentos em Kandinsky aqui vai encontrar uma mais explícita exploração.

Fugue (1914)


Comp 7 (1913)









domingo, 14 de abril de 2019

Diagramas para Composição VII








Esboço(70 em Dabrowski).



Desenho (69 em Dabarovski)

Esboços
"Several diagrammatic drawings, with various inscriptions in Russian and German, especially illuminate Kandinsky's process of creating Composition VII. A schematic pen-and-ink drawing (pi. 69) highlights with quick, thin lines the basic outline of the general conception of the picture and more specifically identifies (in Russian) the individual colors and ideas. Its inscriptions indicate that the artist is working out some basic details of Composition VII and places what he calls the "genesis" — depicted by a red and a blue line — in the lower left corner; "abyss" at lower right, below a semi circular section marked "yellow dirt"; in upper left, "discontinuity" (probably of forms and colors); at center top, "clear and divided" (or right and resolution), marked in warm red; the central motif, placed higher than in the final oil, specifies "on white exact" and is surrounded on the left by "red (hot)." Such notes attest to Kandinsky's extremely methodical process of creation, also emphasized by a few other drawings that analyze further the structure of the compositional scheme, in terms of movement and interaction of elements (pi. 70),color (pi. 71), and organization of masses (pi. 72). Another pen-and-ink drawing, more specific in the definition of the compositional parts (pi. 73), shows
in a linear fashion the direction and placement of the pictorial components and defines the central section contained within the upper and lower semicircular line as the main field of activity. Here, the oval form intersected by the rectilinear one is situated much higher and is closer to the top section of the pictorial field than it is in the final canvas. The inscriptions relate to the disposition of colors. There is also a small sketch of a detail with a double triangle as its center (pi. 74) that might have a connection to a central motif in the oil sketch Study for Composition VII (pi. 77). It seems to disappear in the final composition."Dabrowski, 42.