segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Composição IX handlist versus quadro




O desenho de Kandinsky demonstra a retomada de alguns elementos importantes da pintura:
a- as 5 linhas diagonais formando as 4 áreas/faixas coloridas estão presentes, mas não tão evidenciadas no traço, sugerindo algo de segundo plano.
b- o conglomerado centra de formas ocupa o centro de atenção, formando uma série horizontal que começa com o retângulo-caixa da qual saem faixas-linhas para cima e para baixo e o círculo. O interessante é ver como as linhas mesmas do caderno funcionam como localizadores dos objetos distribuídos no quadro.
c- Esse aglomerado é constituídos por elementos que vão sendo adicionados, formando algo em camadas. Há os elementos mais externo, os mediais e os mais internos.
d- O gride do caderno mesmo nos ajuda a ver como o quadro está dividido em 4 partes, sendo que há uma maior densidade de elementos do meio para cima.
e- lendo como uma partitura, podemos ver o seguinte:
1-uma sucessão de eventos na ordem temporal, indo da esquerda para a direita.
2- o começo é marcado pela primeira faixa, que no quadro é um azul claro combinado com verde claro e que vai perdendo esse verde e ficado mais azul celeste. (10BG para 10B).
3- lendo verticalmente, esse primeira faixa é simultamente colocada junto da aparição de outros elementos - no extremo alto esquerdo um pequeno círculo com um outro círculo menor dentro e imediatamente abaixo uma caixa, um retângulo com figuras de embrião e no centro um retângulo-cartela, dividido como uma lista ou incrição dupla. Do retângulo projeta-se ainda algo como um rabo duplo na parte de baixo, e uma outra cartela horizonte em cima.

Aqui começam algumas divergências entre o desenho e o quadro:
1- a faixa diagonal azul-verde sai do extremo baixo esquerdo e vai para o alto ao meio. Em alguns momentos essa faixa é passa por trás de algumas figuras, provocando simultaneidades. No desenho o círculo que na horizontalidade vem após o retângulo-caixa encontra quase que todo dentro da primeira faixa, diferentemente do quadro que posiciona o círculo entre a primeira faixa e o triângulo amarelo. Ainda, a faixa primeira absorve uma dupla de de embriões que ficavam no triângulo amarelo.
2- Se a faixa azul parece exercer uma maior atração de elementos no desenho que na pintura, ela também "perde": outro elemento que na pintura é compartilhado, como a dupla cartela entre as faixas azul e vermelho, agora se concentra em uma faixa apenas - a segunda faixa.
3- Depois pois dois deslocamentos para a direita, mais para o centro, pela atração do aglomerado central médio-alto que toma conta das faixas 3 e 4.  E este deslocamento apaga as estratatégias de ementos compatilhados proporcionais entre entre áreas de cor dominante.

Voltando ao gride do caderno, mais exatamente, temos, no lugar de um retângulo dividido em 4 partes iguais, 4 contínuos extensos horizontais, a seguinte distribuição:
1/2
1
1
1
1/2
Os extremos alto e baixo são constituídos por contínuos extensos horizontes que se equivalem, sendo a metade de cada um contínuos internos. Olhando com mais detalhe, os extremos alto e baixo são aproximadamente complementares em posição e tamanho, pois não são exatamente iguais: o filete debaixo é menor, levando a uma maior ênfase no filete de cima, que puxa a pintura para o alto, para fora da moldura. Lembrar que isso corrobora a maior densidade de elementos na parte de cima do quadro.


Ora, aplicando as ideias contidas no Plano e Linha sobre o Plano, podemos ler a tela como uma partitura, valendo-nos de procedimento leitura de uma partitura.
As decisões criativas no plano sonoro podem buscar alguns equivalentes no plano visual.

1- Sucessão de elementos (temporalidade)
2- densidade da distribuição dos Elementos ( verticalidade)
3- altura/frequência dos elementos por meio de sua posição no eixo vertical
4- timbre, por meio das cores e tamanhos dos elementos
5- intensidade, por meio do tamanho/extensão de elementos

Há ainda outras considerações como as características gerais do quadro, como um ambiente meio líquido nas cores e nas figuras de embriões apresentadas( formas biomórficas).
Outra coisa a considerar: o pintor fez apenas um estudo preparatório para o quadro:


Neste esboço estão claras as linhas que produzem as faixas, os triângulos opostos ( alto esquerdo/baixo esquerdo), e a sucessão horizontal de 4 figuras que dominam o quadro: a caixa com seu embrião hipocentauro nela grudada; a figura geométrica do círculo posicionada entre o triâgulo superior e a primeira faixa; o aglomerado bioluminescente central; e o peixe-concha .
O esboço apresenta praticamente os mesmo elementos e sua distribuição como apresentados na pintura, sendo, de fato, bem marcante a desproporção entre a área do triângulo inferior direito quanto ao esquerdo.
Vendo o esboço, ainda, ficam bem evidentes a forte presença de grides distribuídos pela tela.

Então, temos faixas ascendentes paralelas, em momento de cima para baixo, que começam e terminam. Lembram lentos glissandi. E temos figuras tanto biomórficas quanto geométricas. Podemos pensar em uma 'narrativa' de primeiro plano que é a sucessão das quadro figuras em contraponto com as quatro faixas diagonais. E entre elas temos outras formas livres, como diversos grides, linhas paralelas onduladas, a duplicação da cartela que está na primeira figura-caixa, e um pequeno aglomerado de círculo, um mini-sistema estelar na direita, extema ao meio.

Lista de elementos que precisariam ser evidenciados:

1- a estrutura geral do quadro, com suas 6 áreas (4 faixas e dois triângulos)
2- as cores dessa estrutura geral,
3- as sucessão das 4 figuras dominantes em sua ordem e constituição (formas, figuras, cores)
4- as figuras demais figuras que partem dessas dominantes ou estão livres pelo quadro, com suas formas, elementos e cores).



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