Após o tempo de pesquisa e lidando com o material de Kandinksy, creio que algumas decisões criativas foram tomadas a partir dessa experiência em Paris. Inicialmente, veio à tona o imenso material visual e textual de e sobre Kandinsky. As horas passando analisando as telas, os desenhos, os rascunhos, as ideias escritas por Kandinsky e sobre ele, ampliaram o escopo desta pesquisa para a questão do traço, da escrita multidimensional.
Para mim, o que é de fundamental interesse é que essa imensa produção pictorial se aproxima de algo que podemos chamar, seguindo a hipótese parry-lord de Composição em performance, o que muitas vezes é traduzido como improvização.
No meu do ciclo de Composições, venho mudando minhas estratégias criativas, pois no início, como um aprendiz, estava mais colado nos quadros. Agora, neste último tenho conseguido um descolamento interessante que dialoga com as pinturas. Por exemplo: temos o fundo negro do quadro como entorno fundamental de tudo que é exposto na Composição X. Vi que este elemento era básico e que teria de incoporar na minha música. Mas como fazer isso? Kandinsky nos fala da cor negra : "Um ‘nada’ sem possibilidades, um ‘nada’ morto depois do Sol morrer, como um silêncio eterno, sem esperança de futuro, eis a ressonância interior do preto. A sua correspondência na linguagem musical é a pausa, que marca o fim absoluto e que provavelmente será seguido de qualquer outra coisa – o nascimento de um outro mundo. Porque tudo o que esta pausa encerra está terminado para sempre: o círculo está fechado. O preto é como uma fogueira apagada, consumida, imóvel e insensível como um cadáver indiferente a tudo. É como o silêncio que se apodera do corpo depois da morte, o fim da vida. Exteriormente é a cor mais desprovida de ressonância. Por esta razão, qualquer outra cor, mesmo aquela cujo som for mais fraco, adquire, quando colocada neste fundo neutro, uma sonoridade mais viva e uma nova força" ( Do Espiritual na Arte).
Ora, como traduzir este silêncio pictórico de Kandinksy? Poderia construir algo com muitas pausas, um queijo suiço. Mas como o universo da obra é de algo estratosférico, uma dança no espaço sideral, decidi dar presença a esta ausência de duas maneiras: primeiro construir uma densidade com distribuição irregular de sons e grupos de sons; segundo, colocar um drone, em baixa frequência nos baixos e parte dos cellos. A esta estrutura subliminar sobrepus um ostinato percussivo, ligado à um mantra/ritual xamã. Desde o estudo do livro de WEISS sobre o artista como Xamã, essas questões têm estado presentes. Não quis uma percusssão muito característica aqui. Eu poderia colocar maracas e ter algo mais caribenho ou uma instrumentação percussiva brasileira. As figuras dançam, se contrapõem, mas que música é esta, uma música no espaço sideral, a música das esferas, mas um ritual xamânico no céu.
Estou compondo desde o dia 18, dentro do horários livres. Mas com muita rapidez. cada sessão um minuto de música até agora.
A instrumentação menor da peça se acopla às dimensões menores do quadro: Esta é a Composição de menor tamanho quanto às outras. Outra característica: introduzi a marimba, explorando sua ambiguidade como instrumento ligado à dança e para timbres mais etéreos.
Para mim, o que é de fundamental interesse é que essa imensa produção pictorial se aproxima de algo que podemos chamar, seguindo a hipótese parry-lord de Composição em performance, o que muitas vezes é traduzido como improvização.
No meu do ciclo de Composições, venho mudando minhas estratégias criativas, pois no início, como um aprendiz, estava mais colado nos quadros. Agora, neste último tenho conseguido um descolamento interessante que dialoga com as pinturas. Por exemplo: temos o fundo negro do quadro como entorno fundamental de tudo que é exposto na Composição X. Vi que este elemento era básico e que teria de incoporar na minha música. Mas como fazer isso? Kandinsky nos fala da cor negra : "Um ‘nada’ sem possibilidades, um ‘nada’ morto depois do Sol morrer, como um silêncio eterno, sem esperança de futuro, eis a ressonância interior do preto. A sua correspondência na linguagem musical é a pausa, que marca o fim absoluto e que provavelmente será seguido de qualquer outra coisa – o nascimento de um outro mundo. Porque tudo o que esta pausa encerra está terminado para sempre: o círculo está fechado. O preto é como uma fogueira apagada, consumida, imóvel e insensível como um cadáver indiferente a tudo. É como o silêncio que se apodera do corpo depois da morte, o fim da vida. Exteriormente é a cor mais desprovida de ressonância. Por esta razão, qualquer outra cor, mesmo aquela cujo som for mais fraco, adquire, quando colocada neste fundo neutro, uma sonoridade mais viva e uma nova força" ( Do Espiritual na Arte).
Ora, como traduzir este silêncio pictórico de Kandinksy? Poderia construir algo com muitas pausas, um queijo suiço. Mas como o universo da obra é de algo estratosférico, uma dança no espaço sideral, decidi dar presença a esta ausência de duas maneiras: primeiro construir uma densidade com distribuição irregular de sons e grupos de sons; segundo, colocar um drone, em baixa frequência nos baixos e parte dos cellos. A esta estrutura subliminar sobrepus um ostinato percussivo, ligado à um mantra/ritual xamã. Desde o estudo do livro de WEISS sobre o artista como Xamã, essas questões têm estado presentes. Não quis uma percusssão muito característica aqui. Eu poderia colocar maracas e ter algo mais caribenho ou uma instrumentação percussiva brasileira. As figuras dançam, se contrapõem, mas que música é esta, uma música no espaço sideral, a música das esferas, mas um ritual xamânico no céu.
Estou compondo desde o dia 18, dentro do horários livres. Mas com muita rapidez. cada sessão um minuto de música até agora.
A instrumentação menor da peça se acopla às dimensões menores do quadro: Esta é a Composição de menor tamanho quanto às outras. Outra característica: introduzi a marimba, explorando sua ambiguidade como instrumento ligado à dança e para timbres mais etéreos.
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